Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, sob orientação da Profª. Drª. Ingrid Vorsatz.
Ao longo de sua obra, Freud atribuiu grande importância à literatura. Presente desde a obra inaugural da psicanálise, sua relação com as obras poéticas foi fundamental ao alinhamento do seu método clínico, em vias de construção, ao método científico. Junto à literatura, Freud pôde sustentar a hipótese sobre a existência do desejo inconsciente incestuoso e parricida. Nas obras dos poetas, Freud reconheceu a existência do desejo constitutivo da neurose, o que lhe possibilitou fundamentar a universalidade do complexo de Édipo. Ademais, sua função também está na estruturação da vida psíquica. Dentre as obras abordadas pelo psicanalista, encontram-se Édipo Rei, de Sófocles, Hamlet, de Shakespeare, e Os irmãos Karamázov, de Dostoiévski. No ensaio em que aborda esta última, o psicanalista faz uma detida análise da vida psíquica do escritor russo. Freud lança mão da biografia do autor e de suas produções literárias e destaca o intenso sentimento inconsciente de culpa que o acometia. Encontra no seu vício pelo jogo a punição exigida por este sentimento. Após perder tudo no jogo, o escritor russo erigia as mais altas exigências morais e era objeto de auto-depreciações. Neste permanente e reiterado movimento de Dostoiévski – jogar para perder – está, segundo Freud, a condição necessária de sua produção literária.
Psicanálise, Literatura, Dostoiévski, Supereu